O tapering é um termo que vem ganhando destaque nas discussões sobre a economia dos Estados Unidos e suas políticas monetárias. Implementado pelo Banco Central dos Estados Unidos, conhecido como FED, o tapering se refere à redução gradual dos estímulos econômicos, especificamente pela diminuição da compra de títulos públicos.
Esse processo é crucial para evitar o superaquecimento da economia e o aumento descontrolado da inflação, especialmente após períodos de crise econômica em que medidas de estímulo são intensificadas. Neste artigo, vamos explicar de forma clara e direta o que é o tapering, como ele funciona no mercado financeiro e quais são seus principais efeitos, tanto nos Estados Unidos quanto no cenário econômico global.
O que é tapering?
O tapering é uma política monetária utilizada pelo Banco Central dos Estados Unidos, conhecido como FED. Esse termo se refere à redução gradual dos estímulos monetários, especificamente pela diminuição da compra de títulos públicos pelo FED. Para entender melhor, precisamos lembrar que, durante períodos de crise econômica, o FED adota medidas para aumentar a liquidez na economia. Isso é feito, entre outras formas, comprando títulos públicos, o que é conhecido como “quantitative easing”.
Quando o FED compra esses títulos, ele está, na prática, injetando dinheiro na economia. Isso ajuda a manter as taxas de juros baixas e incentiva empréstimos e investimentos. No entanto, quando a economia começa a se recuperar, o FED precisa reduzir esses estímulos para evitar o superaquecimento da economia e o aumento descontrolado da inflação. É aí que entra o tapering: o FED começa a diminuir gradualmente suas compras de títulos, reduzindo a quantidade de dinheiro sendo injetada na economia.
Como funciona o tapering no mercado?
Para entender como o tapering funciona no mercado, é importante saber que os bancos centrais, além de emitir títulos de dívida, também podem recomprar esses títulos no mercado. Quando o FED compra títulos, ele paga por eles, o que coloca mais dinheiro em circulação na economia. Este aumento de liquidez tem dois efeitos imediatos: reduz a oferta de títulos no mercado e aumenta a quantidade de dinheiro em circulação.
Quando o FED decide iniciar o tapering, ele começa a reduzir gradualmente o ritmo de compra desses títulos. Isso significa que menos dinheiro novo está sendo injetado na economia, o que diminui a liquidez. Essa redução gradual é planejada para evitar choques bruscos na economia e nos mercados financeiros.
Principais efeitos do tapering
Vamos ver abaixo como o aumento e a redução de estímulos monetários afetam diferentes aspectos econômicos, desde a liquidez e as taxas de juros até o câmbio e os preços dos ativos.
Aumento de estímulos monetários
Antes de falar sobre os efeitos do tapering, é importante entender o que acontece quando há um aumento nos estímulos monetários, como ocorre com o quantitative easing. Quando o FED compra muitos títulos, ele aumenta a quantidade de dinheiro em circulação. Com mais dinheiro disponível, as taxas de juros tendem a cair, tornando mais barato pegar empréstimos e investir. Isso geralmente leva a um aumento na demanda por ativos, como imóveis e ações, e pode depreciar a moeda local devido ao aumento na oferta de dinheiro.
Um exemplo disso ocorreu em 2011 e 2012, quando o dólar se depreciou e o real brasileiro se valorizou, chegando a valer cerca de R$1,50 por dólar. Esse aumento de liquidez pode beneficiar economias emergentes ao aumentar o valor de suas moedas e facilitar o comércio internacional.
Além disso, o aumento de liquidez devido à compra de títulos pelo FED também impulsiona a demanda por outros ativos, como imóveis e ações na bolsa de valores. Isso explica por que o gráfico de liquidez global geralmente acompanha os índices de mercado, como o MSCI World.
Abaixo, você pode ver a relação entre a liquidez financeira global e o índice MSCI World, que mostra a evolução dos preços dos ativos nas bolsas de valores ao redor do mundo:
Redução de estímulos monetários
Quando o FED inicia o tapering, ou seja, reduz a compra de títulos, os efeitos são opostos aos do aumento de estímulos. Com menos dinheiro novo entrando na economia, a liquidez diminui. Isso pode levar a uma valorização do dólar, pois a oferta da moeda diminui. Em contrapartida, as moedas de países emergentes tendem a se depreciar.
Essa depreciação pode ter vários impactos negativos. Por exemplo, produtos importados, que são cotados em dólar, ficam mais caros, aumentando a inflação. Esse aumento nos preços pode forçar os bancos centrais de países emergentes a aumentar suas taxas de juros para controlar a inflação. Um exemplo é o Brasil, onde o Banco Central pode aumentar a taxa Selic em resposta ao aumento da inflação causada pela valorização do dólar.
Além disso, a diminuição da liquidez pode reduzir a demanda por ativos mais arriscados, como ações em mercados emergentes. Isso pode levar à queda dos preços desses ativos, afetando negativamente os investidores e a economia desses países.
Conclusão
Por fim, o tapering é uma ferramenta crucial na política monetária do FED para gerenciar a liquidez da economia. Ao entender o que é e como funciona, podemos prever e reagir melhor às mudanças econômicas que ele provoca. O aumento de estímulos monetários pode levar a uma maior liquidez e apreciação das moedas de mercados emergentes, enquanto a redução desses estímulos pode causar uma valorização do dólar, aumento da inflação e taxas de juros mais altas em outros países.
Para investidores e economistas, acompanhar as ações do FED em relação ao tapering é essencial. Suas decisões têm um impacto significativo não apenas na economia dos Estados Unidos, mas em todo o mundo. Portanto, se manter informado sobre o tapering e seus efeitos pode ajudar a tomar decisões financeiras mais informadas e estratégicas.